quinta-feira

Nos mares do BDSM

Era uma vez ... era uma vez ... um navio.
Um navio triste que se sentia inútil.
E era mesmo um navio inútil.
Pessoas entraram e saíram.
Viveram ali perto, amaram o navio e por ele foram amadas.
Mesmo assim ele se sentia infeliz, incompleto.
Não navegava, ficava o dia todo preso à âncora.
Nada transportava, vivia vazio, oco.
Não conhecia nada, senão o cais, pois não tinha motor, nem vela.
Certo dia o navio ficou sabendo da existência de outros mares e estudou muito sobre suas delícias e perigos.
Encantado com o novo mundo o navio decidiu mudar sua vida e se rebelou.
A atitude deu certo e o navio ganhou uma Dona. Sua Dona o equipou com velas, cordas, correntes e outros acessórios. Juntos foram a muitos lugares, enfrentaram ondas e até tempestades.
Viajaram por algum tempo vivendo lindos momentos.
Certo dia a Dona do navio quis mudar a rota.
Queria que o navio fosse por águas perigosas e proibidas.
O navio não quis, pois sabia que nelas existiam redemoinhos e muita lama, muita sujeira.
Assim o navio foi abandonado. Deixado ao léu.
Sozinho foi levado pelo vento, perdido num mar calmo. Dias, semanas, meses se passaram.
De nada adiantavam os equipamentos, pois não tinha ninguém para usá-los, para guiar.
Algumas pessoas se aproximaram, queriam tomar posse do navio.
Mas ele, sem pressa, não aceitou.
Preferiu aguardar a pessoa certa.
Certo dia uma voz ecoou: siga aquele caminho. Lá encontrará seu norte, aquilo que procura.
E o navio foi. Navegando, calmamente, avistou um farol.
Estava longe, mas em local alcançável e que parecia seguro.
Nas águas límpidas daquele mar, o navio forçou o foco e pode ver um vulto.
Naquele farol o navio avistou alguém e pensou: Ela será minha Dona!
Mallícia


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